Ainda estou sob o impacto dessa leitura encerrada há dois minutos. Não pelo final surpreendente, pois isso você não encontrará em A Hora da Essência, do Padre Fábio de Melo.
Caso você tenha a intenção de ler esse livro, eu já deixo duas dicas:
1) Esqueça que foi escrito por um padre.
Isso mesmo, não cometa o mesmo erro que eu de ficar indo e voltando nas páginas e se perguntando: É sério que ele escreveu isso? Como a igreja permitiu? Por que ele não usou um pseudônimo? Por que ele não tirou ao menos o "Pe." da frente do nome?
As páginas trazem palavrões... sim, é verdade. E trazem também uma definição de missa católica daquela que eu concordo intimamente e já me sinto logo culpada por isso, sabe?
O fato é que você não terá diante de si um livro católico e ponto! Acho que eu nem caracterizaria essa obra de religiosa ou espiritualista. Na minha ignorância, eu defino como uma profunda reflexão filosófica (mas uma Filosofia totalmente acessível a nós, mortais).
Usando de palavras absolutamente mundanas, o autor me fez pensar o tempo todo no divino, em Deus.
Enfim, não perca tempo julgando e já comece aí o seu processo de deixar morrer o algoz que vive em você.
2) Não espere final feliz ou surpreendente.
Normalmente eu nem começo um livro que não tenha final feliz, mas esse me convidou a degustá-lo.
Saiba que a personagem principal vai morrer e que, durante as 263 páginas, você irá acompanhar o seu processo de morte. Ou será de vida? E é aí que entra a questão: O que é viver? O que é morrer? caminham vida e morte em direções opostas? Ou ambas seguem na mesma direção como aquelas ruas que apenas mudam de nome, assim, sem placa, sem marco, sem nada, apenas uma continuando na outra?
Mas não espere estar moribunda para ler. Não se trata de uma reflexão sobre morte física apenas mas sobre as mortes que vêm junto com acontecimentos do nosso dia a dia: a morte do seus planos, do seu projeto, da sua antiga personalidade, do seu presente, do seu futuro ou morte até mesmo do seu passado quando descobre que viveu na ilusão. Por outro lado, surgem muitas vidas novas e um novo ser se você se permitir sepultar sentimentos e pensamentos.
Livro muito bom para quem está praticando alienação parental. Pareceu-me que a dor de quem a pratica pode ser maior do que a dor de quem sofre. Se tem pressa vai lá para a página 259 e resolva isso em vida viva e não em vida morta ou morta viva... leia e resolva, só isso. Liberte-se de um dia dizer: "faríamos tudo tão diferente se soubéssemos que morreremos".
Bom, dadas as duas dicas eu só posso dizer que amei. Simples assim. Amei.
E odiei ao mesmo tempo. É um livro que não traz respostas. A personagem foi abandonada pelo marido, teve seu filho desaparecido e diz que "gosta mais das perguntas do que das respostas"?! Como assim???????? Eu, logo eu, que não suporto conviver sem saber a razão pela qual não passei numa entrevista de emprego, fui obrigada a fechar um livro sem saber os porquês de tudo o que aconteceu...pensa minha angústia.
Angustiada, mas encantada.
Leia e entenderá.